28 de out. de 2010

Caminhos de tolerância de John Locke às sociedades plurais

A questão da tolerância pôs-se desde sempre, dos mais diversos modos em que se exerce a atividade humana, mas foi com John Locke que teve especial desenvolvimento filosófico, tendo por contexto, no período moderno, a conceituação em torno da sociedade civil e do Estado e questão de delimitação das esferas civil e religiosa; aquela é uma sociedade de homens livres com o objetivo de preservar e promover os bens espirituais.

A inquirição dos fundamentos da tolerância surge desta forma como uma consequência da demarcação entre essas duas tipologias de sociedades. Se ontem assim foi, hoje, a questão da tolerância, como um valor imprescindível para o desenvolvimento das relações entre os homens, mostra-se ainda mais complexa, à medida que se cruzam as relações entre as sociedades atuais as quais são cada vez mais globais, onde se movimentam não apenas bens e serviços, mas também, e sobretudo, pessoas, ideias e valores.

O grande desafio que atravessa as nossas sociedades e Estados é a gestão de toda a diversidade resultante dessa crescente amplitude de mudanças no mundo. A multiculturalidade é um fenômeno transversal à maioria dos países, em que a existência de várias formas de vida quase nunca é fácil e ocasiona frequentemente conflitos e rupturas. A tolerância aparece assim como o princípio orientador das nossas ações e das políticas do Estado num contexto não somente diferente como mais complexo. É fundamental que cada um respeite o outro por aquilo que ele é, ainda que seja diferente, e nenhum grupo ou indivíduo deve julgar o seu modo de vida como único e verdadeiro. Deste modo, urge pensar a tolerância nesta sua nova configuração, de modo a responder também aos desafios surgidos pelos crescentes processos de fragmentação social.

http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/6908